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Que energia é essa?? As vias metabólicas em uma abordagem prática!

  • Writer: Pedro Rodrigues
    Pedro Rodrigues
  • May 25, 2018
  • 6 min read

Updated: Apr 1, 2020

Você também já passou por isso? Você estava lá treinando, em um ritmo forte, porém confortável, e aí passou uma pessoa do seu lado em uma velocidade muito maior do que a sua e você pensou "QUE ENERGIA É ESSA??". Se isso já aconteceu, com certeza você escolheu uma dessas duas alternativas: 1. Você tentou alcançar a pessoa; Nesta opção, um pouco mais a frente, com certeza, um dos dois cansou e deixou o outro ir embora. (Espero que não tenha sido você). 2. Você manteve seu ritmo; Nesta opção, ou você nunca mais viu essa pessoa, ou daqui há poucos minutos você avistou ela com a língua arrastando no chão. Todos estes cenários têm uma justificativa que parece óbvia, mas o que você vai ver aqui é como as vias energéticas atuam nesse contexto. Meu objetivo com esse texto é que, ao final dele, você tenha uma clareza maior sobre quais as fontes de energia você utiliza ao longo dos seus treinos, a depender da intensidade que você empregar no mesmo. É importante que você consiga reconhecer os sinais que seu corpo te dá a cada decisão que você tomar durante o treino. "Mas Pedro, pra quê eu preciso saber disso?" Se você é um profissional de nutrição ou educação física, ao ler esse texto, eu espero que você relembre alguns conceitos básicos da nossa atuação para que a sua capacidade de colocar dieta e treino em cima do mesmo trilho esteja sempre bem fundamentada. Se você não é um profissional de nenhuma dessas áreas, foi para você que eu escrevi esse texto e o meu objetivo com você é o mesmo que eu tenho com meus alunos/pacientes. Eu verdadeiramente acredito que para mudar seus hábitos e acelerar seu processo de evolução, você precisa ter uma noção, por mais básica que seja, de como aquela estratégia atua no seu corpo para extrair o melhor que ela tiver a te oferecer. Bom, então sem mais delongas, voltemos ao que interessa VIAS METABÓLICAS E O GASTO ENERGÉTICO

Para que o entendimento sobre o que eu vou falar seja o melhor possível, antes de continuar interpretando a nossa situação de treino, eu preciso garantir que nós estamos falando a mesma língua. Por isso, vamos fazer uma pequena introdução sobre quais são e como atuam as nossas vias metabólicas. Hoje nós já sabemos que existem 2 formas de o nosso corpo produzir energia: com ou sem a presença de oxigênio. A via em que utilizamos o oxigênio é chamada de via aeróbica, ou oxidativa. A via em que não utilizamos oxigênio é a via anaeróbica, podendo ser anaeróbica glicolítica (ou lática) ou fosfagênica (ATP-CP ou alática). Se você não é um profissional da área, não precisa gravar esses nomes, mas você precisa entender qual é a essência de cada uma delas. Via Aeróbica (oxidativa): Como eu já comentei, esta é a via de geração de energia com a presença abundante de O2. Esta via é utilizada prioritariamente em exercícios de baixa intensidade. Isso porque a velocidade de produção de energia é extremamente lenta quando comparada às outras vias. No entanto, a presença do oxigênio possibilita uma produção muito maior de energia a partir de muito menos substrato energético. Assim, ocorre uma maior economia e uma maior possibilidade de manter o desempenho do atleta por muito mais tempo. Os esportes em que sua utilização é mais importante são os de endurance, quando a intensidade varia pouco e a duração é mais longa, como em corridas de rua e ciclismo de estrada, por exemplo. Nesta via, o principal molécula fornecedora de energia é a gordura, apesar de existir uma grande participação dos carboidratos também. (Caso queira saber mais sobre a via aeróbica, clique aqui) Via Anaeróbica Glicolítica (lática): Nesta via, o protagonista é carboidrato, mais especificamente a glicose. É uma via de geração rápida e eficiente de energia, muito utilizada em esportes intensos como regatas de remo, ciclismo de velódromo, natação (100 a 400m), e qualquer outro esporte de alta intensidade e duração média/curta. Por queimar carboidrato sem a presença de oxigênio, esta é uma via que, além de energia, promove uma produção enorme de ácido dentro das células musculares. O aumento da concentração deste ácido promove uma queda brusca de rendimento, fazendo com que essa via comece a perder a eficiência por volta de 90 segundos de exercício, sendo totalmente esgotada por volta dos 180 segundos. Alguns fatores podem aumentar ou diminuir o tempo de utilização desta via, como a eficiência da resposta cardio-pulmonar, do sistema tampão ou do seu estado alimentar. Mas isso é assunto para outros textos. (Caso queira saber mais sobre a via lática, clique aqui) Via Anaeróbica Fosfagênica (alática ou ATP-CP): Esta é a via de produção mais rápida que nós temos. É muito exigida em esportes de explosão muscular e de duração extremamente curta. Boa parte das provas de atletismo são bons exemplos de utilização dessa via: 100m sem barreiras, salto com vara, salto em distância, salto sobre vara e varias outras. Esta via não utiliza nem carboidratos e nem gorduras. O substrato energético aqui é a Creatina-fosfato. O saldo de energia produzido por cada molécula é muito pequeno, no entanto, a liberação de energia é quase instantânea, já que depende apenas de uma única reação. Acontece que os estoques desse substrato são muito pequenos, fazendo com que seu pico seja atingido por volta dos 8 segundos de exercício e se esgotando completamente por volta dos 15 segundos em pessoas treinadas, o que justifica o fato de somente ser predominante em exercícios de altíssima intensidade e curta duração. Alguns esportes mistos também utilizam muito, como lutas, vôlei, futebol, os próprios momentos de tiros máximos no remo. (Caso queira saber mais sobre a via ATP-CP, clique aqui) APLICANDO AO NOSSO CASO Agora que você já entende que nós temos 3 vias e que cada uma delas corresponde a uma intensidade específica de esforço, vamos aplicar este conhecimento ao nosso caso da ultrapassagem do velocista por você durante o seu treino. Inicialmente, dissemos que seu ritmo estava forte, porém confortável. Essa é a descrição exata do seu esforço máximo utilizando apenas a via aeróbica para produzir energia, ou seja, se você acelerar mais um pouco, esta via já não dará mais conta de suprir a energia necessária para te manter em atividade, necessitando do auxílio das vias anaeróbicas. Sendo assim, essa é a velocidade que você provavelmente conseguiria manter por bastante tempo e que você iria utilizar bastante gordura como fonte de energia. Por outro lado, o velocista que passou por você, se ele conseguiu manter esse pique por mais de 3 minutos, significa que ele é muito mais bem preparado que você, pois ele está na mesma via energética conseguindo empregar um ritmo muito mais avançado. Esse é o real resultado que buscamos diariamente com sua alimentação e seus treinamentos. Caso você cometa o grande erro de tentar acompanhá-lo, pode contar no relógio, você não passará mais que 3 minutos ao lado dele. Isso porque aquela intensidade que ele está é muito alta para você, havendo necessidade de utilizar a via anaeróbica lática. Neste caso, com 2 minutos, o nível de acidose em seu corpo já será muito alto, impedindo você de se manter naquela velocidade. Este é o momento que a via anaeróbica lática vai começar a falhar devido à acidose que comentamos acima. Agora se você ainda demorou um pouco para decidir alcançá-lo e precisou dar um sprint para chegar até ele, sinto te dizer, mas você não dura nem 20 segundos. Ao fazer isso, você ativou a utilização da ATP-CP. De fato você conseguiu alcançá-lo, mas seu estoque de energia já está muito baixo. Você precisa descansar. Isso apenas não será verdade caso você tenha uma transição muito eficiente da via Fosfagênica para a via Glicolítica Anaeróbica.

MORAL DA HISTÓRIA Repare que eu não citei em nenhum momento qual a modalidade do atleta. A aplicabilidade do exemplo foi realizada apenas com dados de percepção de esforço sobre uma atividade contínua qualquer. Em sua cabeça provavelmente você adaptou para a modalidade que você treina, seja ela o remo, o ciclismo, a corrida ou qualquer outra. Isso só foi possível porque a fisiologia é uma só. Ao entender as bases de utilização de energia, tanto a prescrição e execução do treino, bem como a adequação do fornecimento nutricional voltado para ele ficam muito mais eficientes. Eu estou certo que, a partir dessa leitura, você terá uma consciência muito maior para conduzir seus treinos, sabendo a hora certa de dar um sprint ou de reduzir o ritmo para garantir que complete a prova como planejou. Quando digo que cada corpo funciona de uma maneira, quero dizer que você precisa aprender a conversar com seu corpo e entender o que ele precisa naquele momento. Este foi um contexto mais geral sobre as vias. Caso queira saber como se dá a utilização dela em momentos específicos das modalidades remo, lutas, corrida ou ciclismo, acesse os links abaixo.


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