Complexidade pura!! As 4 etapas de uma remada e os principais erros dos seus praticantes
- Pedro Rodrigues
- Jul 3, 2018
- 5 min read
Updated: Apr 1, 2020
O movimento completo do remo é um dos movimentos mais complexos dentre todos os esportes que temos hoje. Isso porque o ciclo de uma remada exige praticamente todos os músculos do corpo e, caso sejam empregados de maneira descoordenada, reduzem muito a eficiência e podem até gerar alguns tipos de lesão.
O motivo pelo qual eu decidi fazer este texto é devido aos inúmeros vídeos de pessoas remando em remoegômetro realizando erros incríveis, principalmente quando se trata de box de crossfit. De antemão já digo que não tenho absolutamente nada contra o crossfit. Inclusive acho fantástica a metodologia que construíram por vários motivos. Mas de fato são poucos os crossfiteiros que sabem sentar em uma remoergômetro e remar corretamente!!
Então, o objetivo deste texto é justamente ajudar você, seja crossfiteiro ou remador iniciante, a melhorar a sua remada a partir do conhecimento que a ciência nos trouxe.
AS 4 ETAPAS DE UMA REMADA:
Antes de mais nada, é importante saber que o movimento de uma remada completa pode ser didaticamente dividido em 4 etapas. No entanto, é até meio óbvio, mas vale lembrar que eles acontecem de maneira suscetiva, ou seja, não há espaço de tempo entre cada etapas. Vamos começar?
Etapa 1 - Tomada de água
O início de tudo se dá pelo início do contato do remo com a água. A este contato inicial damos o nome de tomada de água, que ocorre quando os tornozelos, joelhos e quadril estão completamente flexionados, os braços estão estendidos e as mãos do remador sofrem uma leve elevação até que as pás dos remos estejam completamente dentro da água.
Esta não é uma etapa essencialmente necessária para os crossfiteiros pelo fato de apenas remarem em máquinas. Para estes, basta que não se deixe os braços desabarem no momento da flexão dos membros inferiores. Os braços devem estar sempre em meia altura neste caso.
Mas para você que de fato pratica a modalidade do remo e por vezes treina no barco, deve-se ter muita atenção a todos estes passos. Caso você erre o tempo de colocar as pás dentro da água, pode frear o barco, se desequilibrar e até deixar o remo sair das suas mãos facilitando uma virada do barco.
Portanto, mantenha as mãos baixas até que chegue a sua flexão máxima de tornozelo, joelho e quadril. Agora sim, coloque os remos em água em vamos fazer força, pois acabamos de entrar na etapa 2.
Etapa 2 - Fase motora/propulsora
Aqui sim, você que pratica crossfit PRESTE MUITA ATENÇÃO!! É aqui que vocês mais erram, e acabam reduzindo muito a eficiência da sua remada em remoergômetro. Para deixar ainda mais fácil de entender, vamos subdividir esta etapa em 3 subfases:
1. Parte de predominância de membros inferiores (leia-se pernas!). É muito comum ver em competições de crossfit os atletas inclinando a cervical para trás na tentativa de auxiliar os braços na remada, quando na verdade é o contrário que deve acontecer. Pense comigo, a primeira parte da fase propulsora é quando precisamos vencer a inércia de um barco ou uma roldana de máquina que está em baixa velocidade ou até parada.
Sabendo disso, me responda: quais grupos musculares possuem maior força - cervical e braço, ou pernas?
Pensando assim fica fácil de entender o porquê de NÃO começarmos o movimento pelos braços e cervical, mas sim pelas pernas.
Sendo assim, inicie principalmente estendendo os joelhos e tornozelo para somente depois entrar na Parte de Extensão de Tronco.
2. Parte de extensão de tronco. Após realizar quase uma extensão completa dos joelhos, os glúteos devem continuar sua contração fazendo com que movimento do tronco em direção à proa dê continuidade à propulsão gerada na água através dos remos.
Importantíssimo frisar que é fundamental a estabilização tóraco-lombar neste momento para que se evite lesões. Aliás, o ideal é que a sua coluna esteja sempre ereta ao longo de todas as etapas da remada. Isso inclui a cervical que jamais será inclinada para trás, como é comum no crossfit.
Outro fator importante é em relação à posição das mãos. Um erro comum é abaixar as mãos durante a extensão do tronco. Na prática isso tiraria as pás da água. Da mesma forma, não se deve levantar muito os braços para não afundar demais o remo e tornar muito difícil a remada por conta da resistência da água que, neste caso, passa a atuar sobre outras partes do remo que não somente as pás. Isso diminuirá a velocidade da sua remada e, consequentemente, a velocidade empregada no barco ou na máquina
Ao final desta etapa, já estamos praticamente no ponto de maior velocidade do barco. Repare que até agora não falamos de braços ou cervical. Isso porque a força deles é praticamente desprezível perto da força das duas primeiras partes da fase propulsora.
Mas mesmo assim, como estamos falando de eficiência de remada, chegou a hora de utilizar a Parte de Predominância de Membros Superiores.
3. Parte de predominância de membros superiores. Ao final da Fase Propulsora, nosso barco (ou roldana) já está em movimento e a nossa capacidade de contração dos membros superiores em velocidade é muito alta. Por isso agora sim podemos utilizar os mesmos para aproveitar ainda mais a propulsão já empregada nas partes anteriores.
Então, com joelhos e quadril praticamente em extensão completa, chegou a hora de flexionar cotovelo e estender os ombros aproximando as mãos do tronco para otimizar a fase propulsora.
Seguindo estes passos, a probabilidade de alcançar a sua potência máxima de propulsão aumenta substancialmente.
ETAPA 3 - Final
Mantendo a posição e até, se possível, aumentando a amplitude do movimento realizados até agora, chega o momento de rotacionar o remo para que as pás saiam da água, abaixa-se levemente os braços para evitar o atrito dos remos com a água. Este movimento também não é essencial para os crossfiteiros, já que não há preocupações com atrito nos remos.
ETAPA 4 - Recuperação
É justamente a etapa de retorno para a posição inicial. O movimento desta etapa é exatamente o oposto da fase propulsora. Garantindo um movimento leve para que não se produza nenhum vetor importante contra a direção que o barco segue, deve-se primeiramente estender os cotovelos, seguidos do retorno do tronco e por ultimo os joelhos e tornozelos. Ao chegar à posição inicial, repete-se todo o processo.
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Este foi o passo-a-passo de uma remada eficiente que hoje é aceito pela literatura científica. Qualquer desordem nesta sequência não apresenta melhoras no que se refere à potência de remada bem como a transferência para velocidade de barco ou velocidade aferida em remoergômetros.
Compreendo que este texto é bastante técnico, mas não tinha como ser muito diferente quando se trata de um movimento complexo como este. No entanto, caso você tenha percebido qualquer dificuldade em entender o que foi colocado aqui, disponibilizei um vídeo expondo em detalhes quais as quatro fases de uma remada eficiente. Para assistí-lo, acesse o link.
Desde já, agradeço a sua participação aqui. Se você acha que este artigo te gerou algum valor, eu agradeço profundamente se você compartilhar com outras pessoas que também se interessam pelo tema.
Obrigado.

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